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Comidas e vinhos
Comentário sobre artigo "comidas e vinhos" autoria do professor Alcindo Gonçalves, publicado no Jornal A Tribuna de Santos/SP em 29/08/2009.
ARTIGOS 01-09-2009
Belíssima vista panorâmica de Santos/SP
VINHO: A PRODUÇÃO, O CONSUMO E OS APRECIADORES
por Cláudia Elaine Garcia de Oliveira

Recentemente o prof. Alcindo Gonçalves em seu instigante editorial "Comidas e vinhos", chamou a atenção para a importância do vinho em nosso país e em nosso cotidiano. Suas reflexões e indagações sobre o tema são um convite à análise do papel do Brasil no mundo do vinho, tanto em relação à produção de uvas e vinhos, quanto às estatísticas relativas ao consumo desta bebida dionisíaca, envolvente,  agregadora e que está na moda há 7 mil anos.

A OIV (Organisation Internationale de la Vigne et du Vin) é um órgão internacional que regulamenta todo o setor mundial vitivinícola, analisando dados de produção e consumo. Segundo o último levantamento, realizado em 2008, o Brasil está em 14º lugar na produção mundial de uvas, entre os 15 maiores produtores de uva no mundo da viticultura (14 milhões de quilos), sendo que o 1º lugar é ocupado pela Itália (73 milhões de quilos). Os órgãos nacionais que dão informações à OIV são: Uvibra, Embrapa, ABE, Ibravin.

Quanto à produção mundial de vinho, esta sempre oscila entre os dois maiores produtores, França e Itália, sendo que agora a França está em 1º lugar no ranking da OIV, seguida da Itália, Espanha, EUA, Argentina, China (é verdade!), Alemanha, África do Sul, Austrália, Chile, Rússia e Portugal. O Brasil ocupa o 15º lugar no ranking mundial de produção de vinho, tendo aumentado sua produção de 3.199 milhares de hectolitros (hl) para 3.500 milhares de hl.

Para o consumo per capita no mundo a OIV aponta como líder a pequeníssima Luxemburgo com aproximadamente 60 litros por pessoa/ano. E sucessivamente França 55l, Itália 47l, Portugal 46l, Eslovênia 45l, Croácia 41l, Suíça 40l, Hungria 35l, Espanha 32l, Áustria 31l, Grécia 30l e Dinamarca 29l.

Já o Brasil parece que aumentou o seu ínfimo consumo de 2,0 l para 2,5 l por pessoa/ano, ocupando o 50º lugar no panorama mundial, mas estima-se que no Estado de São Paulo esse número chegue a 6,0 l por pessoa/ano.  Tratam-se de estimativas e não de dados oficiais, mas é notório que a presença do vinho na mesa dos brasileiros se mostra cada vez maior. Quem não gosta de brindar grandes conquistas com uma taça de espumante? Leigos e connaiseurs, com certeza! A cultura do vinho vem permeando a vida das pessoas aos poucos, e o mercado brasileiro vem refletindo esse cenário, pois oferece vinho a todos os preços, para todos os bolsos. Ao que tudo indica, vivemos o início de uma nova era de democratização do vinho.

Aliás o interesse pelo vinho em nossa querida Santos é crescente, bem como pela gastronomia. Nossa cidade está se desenvolvendo cada vez mais nesta seara, comportando bons restaurantes e boas adegas, e o público santista está cada dia mais exigente, prezando pela otimização do serviço, do ambiente agradável e por chefs e sommeliers competentes. Pudera, com o desenvolvimento do pré-sal, da bacia de gás, do porto, do turismo e das universidades, a nossa Santos deve se atualizar constantemente.

Um brinde ao desenvolvimento! TIM! TIM! SAÚDE! SANTÉ!

Artigo do professoar Alcindo Gonçalves publicado em 29 de agosto de 2009 em A Tribuna, intitulado "Comidas e Vinhos", na seção Tribuna Livre.

- "Alguns provavelmente dirão que falar sobre comidas e vinhos é para quem tem tempo e dinheiro. É verdade. Mas não há dúvida de que cada vez mais gente, especialmente na classe média, está interessada nos prazeres da mesa e nas garrafas de vinho. Criou-se, de certa forma, uma onda de interesse e consumo em torno de restaurantes diferentes, especializados ou sofisticados, ao mesmo tempo em que crescem as confrarias, os cursos e reuniões com enólogos, e, é claro, a venda de todo tipo de vinho. Sei ainda de muitas pessoas - inclusive homens - que frequentam cursos de gastronomia, e fazem da cozinha seu hobby e passatempo.

O Brasil é úm típico país tropical, onde o consumo de cerveja atinge picos ano após ano. Por aqui, consumir vinho - uma tradicional bebida dos Países europeus e de alguns poucos do hemisfério sul - soava como um luxo incomum. Eu mesmo fiquei espantado quando estive em Portugal e outros Países da Europa no começo de 1974: lá o preço do vinho era menor do que o da água mineral!

Muito bem: vinho no Brasil era raro e de baixa qualidade.

Lembro-me dos Chateau d'Argent e Chateau Duvalier, que creio não mais existirem no mercado. Mas na úItima década avançou muito a nossa produção vinícola, crescendo em quantidade e qualidade. E os vinhos importados - da Argentina, Chile, Portugal, Espanha, França, Itália, e mesmo de lugares mais exóticos, como Austrália, Nova Zelândia e África do Sul - ocuparam espaço no mercado.

Lojas especializadas surgiram, confrarias se formaram. Enólogos internacionais, especialistas em vinho, vivem fazendo visitas e cursos enquanto organizam-se degustações e demonstrações. Não conheço dados ou estatísticas sobre o aumento do consumo, mas estou certo de que o vinho deixou de ser uma bebida para poucos.

Da mesma forma, há público para novos restaurantes. Aqui em Santos tivemos alguns memoráveis, como o Don Fabrizio, que um dia subiu a serra e se tornou Tatini, o Cibus, o Fifty-Fifty. Durante vários anos, porém, nada de novo surgiu. Ficaram os tradicionais, muito deles competentes, enquanto multiplicavam-se os restaurantes por quilo, a maioria de duvidosa qualidade, e as pizzarias, muitas delas com rodízios deploráveis.

O verdadeiro gourmet ficou sem opções. Na realidade, talvez não houvesse gourmets em Santos. Gourmet não é um Pedante e elitizado consumidor, ou crítico. É alguém que aprecia e desenvolve o prazer de comer, nos mínimos detalhes. E valoriza a decoração, o ambiente, o serviço, a originalidade dos pratos, o sabor de cada molho ou carne, a delícia de uma sobremesa.

Noto um movimento de abertura de novos restaurantes com essa proposta. Alguns aproximam-se do ótimo, outros nem tanto. O importante é a oferta de opções, a redescoberta do prazer de comer e de beber, não com refeições pantagruélicas e pratos capazes de servir um batalhão, mas com a delicadeza da apresentação e do sabor.

Enfim, comer bem e consumir vinhos especiais: alguém pode imaginar coisa melhor?"

Respondi via e-mail ao professor Alcindo e lhe informei por curiosidade que  o Château Duvalier ainda existe sim, com custo aproximado de R$9,00. Já o Château d'Argent que era produzido pela Peterlongo, não é mais.



 

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