Santé! Tive o privilégio de conhecer os vinhos da Vinícola Uvva, localizada na pequena Mucugê, nordeste brasileiro, no interior da Bahia. É nesse terroir único, que a Chapada Diamantina desponta como a mais nova região produtora no cenário vitivinícola nacional. Destaco que a Bahia iniciou a viticultura no Vale do rio São Francisco em 1960 e em 1990 Pernambuco aderiu. Agora é a vez da Chapada demonstrar sua aptidão.
A Chapada Diamantina que vivenciou o ciclo do ouro no século 18 e foi a maior produtora de diamantes do mundo é hoje conhecida, também mundialmente, por ser um verdadeiro oásis em meio à caatinga e elementos de campos rupestres. De vegetação exuberante e atrativos ligados ao ecoturismo, deslumbra com suas cachoeiras, trilhas e piscinas naturais.
E nessa terra semiárida, de onde se extraiu tanta riqueza, a vinícola produz suas uvas, e intitulam: “a Uvva é o novo diamante da Chapada”.
Fabiano Borré, terceira geração de uma família gaúcha de imigrantes noruegueses, é o sócio proprietário e CEO da Uvva, projeto audacioso e vencedor, iniciado em 2012. O enólogo Marcelo Petroli, cuida do manejo sustentável do vinhedo, das técnicas de vinificação até a finalização, evidentemente, num processo de total atenção para obtenção de um vinho com as características personais do terroir, com proteção ambiental.
Os vinhedos estão a 1.150 metros de altitude, acima do nível do mar, protegidos da excessiva umidade pela Serra de Sincorá. O solo é argiloso arenoso, que traz de suas origens camadas de arenitos, conglomerados e calcários. Sua profundidade permite uma excelente drenagem, propiciando um perfeito desenvolvimento das raízes, permitindo que busquem nutrientes em camadas mais profundas do solo. Junte-se ainda o microclima tropical de altitude que contribui para a qualidade das uvas e complexidade dos vinhos.
A região tem verão chuvoso e inverno seco com uma amplitude térmica de 8º a 25º que aliás, desacelera a maturação das uvas conservando sua perfeita acidez. Fato que fez com que Borré implantasse o sistema da dupla poda ou poda invertida, criado por Murilo de Albuquerque Regina(agrônomo) implantado em diversos estados como Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Bahia, Rio de Janeiro e Distrito Federal com total êxito. São os vinhos de colheita de inverno.
Em 3 mil hectares da Fazenda Progresso, com gado e plantios de outras culturas como café, batata, cebola, alho, tomate e até frutas vermelhas como blueberry (mirtilos) morangos, framboesas e amoras, a Uvva separa 52 deles para o cultivo das uvas que já denominam de cepas diamantinas: Chardonnay, Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Petit Verdot, Pinot Noir, Syrah, Malbec e Merlot. Produzem 300mil garrafas/ano.
Há cerca de um ano a Vinícola Uvva inaugurou suas instalações de arquitetura arrojada e alta tecnologia demonstrando o potencial da Chapada para o enoturismo. Já existem outras vinícolas por lá como as pequenas Vaz e a Reconvexo, no Morro do Chapéu, na Chapada.
Provei 8 rótulos surpreendentes. O Uvva Cordel 2019 (R$ 215), um blend de Cab. Sauvignon, Merlot e Malbec já reconhecido e premiado, tem estilo maduro e moderno, delicioso. O Diamã 2020 (R$ 260), corte especial de C. Sauvignon, C. Franc, Malbec, Merlot e P. Verdot é um estilo bordalês cuidadosamente dosado, de elegância ímpar. Indico a seguir alguns e confesso que todos me agradaram. Destaco que a Uvva faz um trabalho preciso, no sentido de manter a tipicidade desse terroir inusitado, os vinhos têm muito frescor, fruta bem extraída, mineralidade, álcool sem exagero, madeira na medida, elegância, realmente fiquei muito impressionada com a qualidade dos vinhos.
Agradeço a Fernanda Fonseca pela oportunidade e parabéns a Uvva por trazer o interior da Bahia para o mapa vitivinícola e enoturístico brasileiro. www.vinicolauvva.com.br
Até a próxima taça!
@claudiaenoamigos
